Chaco brasileiro: uma riqueza sul-mato-grossense
Por Aline Peixoto e Lívia Catanho
(Postado pela Fundação Portal do Pantanal)
Fonte: Post de Adriel.mesquita em 26/out, 2012 |
O Chaco é um tipo de vegetação onde
predominam plantas com folhas relativamente pequenas providas geralmente
de espinhos, sendo comuns espécies de quebrachos, barreirinho, labão,
palo santo, além de cactos e bromélias. O solo onde a vegetação é
encontrada é caracterizado por drenagem lenta ocasionando o
encharcamento do terreno após as chuvas.
Na América do Sul a vegetação conta com
uma área superior a 800.000 km² de extensão, compreendendo países como a
Argentina (norte), Paraguai (centro e oeste), Bolívia (sul) e uma a uma
pequena faixa do Brasil, situada no sudoeste de Mato Grosso do Sul, na
região do Pantanal.
A professora doutora de Biologia da
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Ângela Sartori
afirma, “Porto Murtinho é o município com as maiores manchas dessa
vegetação. Ela é única no Pantanal e no Brasil, ou seja, em nenhum lugar
do Brasil o conjunto de plantas e os organismos relacionados se fará
como no Chaco de Porto Murtinho”.
Em razão dessa exclusividade concedida à
região sul-mato-grossense pela natureza e da pouca distribuição na
biodiversidade brasileira, o lugar atrai os olhares de diversos
estudiosos que busca conhecer este bioma único e ainda pouco explorado,
como é o caso do projeto de pesquisa “Leguminosae do Chaco brasileiro:
Sistemática, Diversidade, Fenologia e Adaptações” feito pelo grupo de
biologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS),
coordenado pela própria doutora Ângela Sartori. O grupo de botânicos
visa estudar representantes de leguminosas do Chaco brasileiro sob o
aspecto morfológico, fisiológico, ecológico, citogenético e molecular.
De acordo com Sartori, a primeira
pesquisa feita na região chaqueana foi iniciada em 2004 e serviu de
estímulo para o desenvolvimento de outras já concluídas ou em andamento.
O projeto “Leguminosae do Chaco brasileiro”, por exemplo, já conseguiu,
ao longo do tempo, registrar cerca de 70 espécies de leguminosas na
região com registro de ocorrência preferencial de algumas delas para o
chaco.
“O projeto está em fase final e
diferentes estudos estão sendo concluídos. Para determinadas espécies
foram efetuadas investigações sobre o sistema subterrâneo,
polinizadores, período de floração e frutificação das espécies além de
estudos moleculares. Os dados estão sendo analisados”, detalha Ângela
Sartori.
A pesquisadora vai além das análises
científicas e explica a importância dos estudos para a população como um
todo, embora muitas pessoas não saibam ao menos da existência de uma
vegetação como essa. “O Chaco encontra-se ameaçado devido à crescente
ação antrópica que vem promovendo a décadas o desmatamento das áreas
nativas, e somente conhecendo a área e que será possível propor
alternativas para a preservação do bioma”, alerta ela.
O que trocando em miúdos significa que a
depredação humana para uso da pecuária de corte em Mato Grosso do Sul, é
a principal ameaça para a extinção desse sistema rico em
biodiversidade. Para que isso não aconteça, é essencial que se entenda
melhor essa vegetação, para que assim possam ser propostas medidas de
conservação com maior critério e segurança.
Para o andamento das pesquisas o
“Leguminosae do Chaco brasileiro” conta com o financiamento do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O projeto
atraiu o interesse de outras instituições e hoje mantêm parceira com
docentes e pós-graduandos do Departamento de Botânica da Universidade de
Campinhas (Unicamp).
Atualmente o projeto compreende uma
equipe de 25 pessoas, dentre eles: pesquisadores docentes do Programa de
pós-graduação em Biologia Vegetal do laboratório de Botânica da UFMS e
do Programa de pós-graduação em Biologia Vegetal da Unicamp. Além de
discentes de iniciação científica, mestrandos e doutorandos.
Chaco
A palavra chaco vem do idioma quíchua e
significa terra de caça. O chaco é uma área que abriga grande
diversidade de habitats, com extensas áreas planas, serras, rios de
grande extensões que cortam desde savanas secas e brejos até grandes
extensões de florestas. Em decorrência desse ecossistemas variado no
Chaco é possível encontrar uma infinidade de espécies, que inclui
animais como a onça-pintada, anta, cervo, tatu, tamanduá, ema, seriema,
garça e o porco selvagem.
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